10 de outubro de 2014

Indústria de Defesa: Forças Armadas buscam fornecedores no Rio Grande do Sul.

Negócios dependem de produtos competitivos em preço e qualidade

Roberto Hunoff
Imagem ilustrativa
Caxias do Sul (RS) - A baixa produtividade é obstáculo a ser superado para que a indústria gaúcha se torne competitiva e atenda demandas das Forças Armadas, hoje supridas por outros estados e por meio de importações. O recado foi dado, nesta quarta-feira, em Caxias do Sul, em reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços, por Jorge Py Velloso, coordenador do Comitê da Indústria de Defesa e Segurança do Rio Grande do Sul (Comdefesa). Segundo ele, as Forças Armadas gastam, anualmente, em torno de R$ 1 bilhão no Estado.
Velloso palestrou na abertura da programação do Seminário de Atualização de Demandas de Bens e Serviços Industriais da Marinha, Exército e Aeronáutica, que segue até as 12h desta quinta-feira na entidade caxiense. De acordo com o coordenador, as empresas precisam ter em mente a necessidade de aumentar a produtividade e competitividade, investindo em novos processos e no treinamento da mão de obra.
Projetos e programas estratégicos estão em curso, abrindo oportunidades para negociar bens e serviços à Marinha, Exército e Aeronáutica. Velloso ressaltou que o fornecimento para as Forças Armadas brasileiras abre possibilidades de exportar os mesmos produtos para o setor de defesa de outros países, especialmente da América do Sul. Outro benefício a quem integra a base industrial de defesa é a isenção de impostos federais.
Indústrias de Caxias do Sul, como a Agrale, fabricante do utilitário Marruá, já fornecem para as Forças Armadas. De acordo com o presidente Hugo Zattera, de 15% a 20% do faturamento da montadora são resultado das vendas de veículos para fins militares, não só no Brasil, como para outros países. Segundo Zattera, fornecer para as Forças Armadas exige investimento, paciência e rigor quanto à qualidade do produto. “Foram oito anos até passarmos a fornecer ao Exército”, relatou. Desde 2010, quando as vendas tiveram início efetivo, a Agrale já entregou em torno de 3 mil unidades do veículo para as forças armadas do Brasil, de países da América do Sul, da África e do Oriente Médio.
O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul, Getulio Fonseca, recordou o resultado positivo de um encontro promovido pela entidade com o comando naval de Rio Grande. Destacou que, a partir da reunião, a Marinha encontrou fornecedor para seus espadins, que eram importados da China. “Temos capacidade para atender a demanda, mas as empresas não podem depender só deste mercado.”

Orçamentos baixos inibiram consolidação de pedidos
Jorge Py Velloso cobrou que empresários façam a lição de casa
Jorge Py Velloso cobrou que empresários façam a lição de casaJULIO SOARES/DIVULGAÇÃO/JC
Jorge Py Velloso destacou que, em dois anos de trabalho do Comdefesa, os resultados ficaram abaixo do esperado. Frequentes adiamentos nos orçamentos das Forças Armadas inibiram a consolidação de negócios. O comandante militar do Sul, general Antônio Hamilton Martins Mourão, confirmou que o Exército não tem sido atendido plenamente em seus pleitos orçamentários, principalmente no que se refere a recursos para qualificação da frota. Assinalou, porém, que recentemente houve compra de lote considerável de viaturas, dentre elas, o modelo Marruá, da Agrale. “Alguns dos projetos estão inseridos no PAC e com verbas garantidas; outros não.” No entanto, nos últimos dois a três anos o Exército vem sendo atendido nos pleitos relacionados à infraestrutura dos quartéis, alimentação, uniformes e manutenção da frota.
O general anunciou como uma das prioridades a implantação de um Centro de Treinamento e Adestramento em Santa Maria, dotado de equipamentos de simulação. A medida deverá reduzir os elevados custos nos treinamentos práticos.
Jornal do Comércio/montedo.com

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